sopro bolhas de vidro no ar
no reflexo me vejo e me deixo voar
quero ficar te olhando até tudo acabar
plantar meus pés no chão até a luz se apagar
e eu sei que tudo o que passou virou poeira de memória
e o fim é momento mais bonito da história
(deixo voar, deixo voar)
renasço do lado de fora desse momento
te sinto pulsar no charco do lado de dentro e no centro
flutuo até o estouro do cabos
o meu corpo grita meu braço amortecido queima, a cabeça gira
a placa do meu tronco frita
dispara a fita que fura a carapaça da tartaruga
criando para o sol um portal, criando pra mim uma fuga
eu iço faísca e alço um risco no vento
mísseis lassos bocejam mas não se arrebentam
apenas miram sua meca, zênite sem sol
suando a pele cromada e macia no dorso sem farol, vem
o primeiro raio da divisa é combustível do desejo androide,
motor de um cavalo vermelho
espelho quebrado em desnível na
senóide de um amor impossível
a bandeira quadriculada agita
imita o infinito que esse momento habita
o mundo em slow, floema no acrílico de um amor invisível
duro como um coração, macio como um míssil
difícil dizer com precisão quantos átomos separam
a rebelião do toque no enfoque macro, ondas que não se calam
falam da manhã e de desejo
minha resolução se define pelo que sinto, não pelo que vejo
o mundo fora daqui morre em um segundo e eu me pergunto
por que a noite tardeia se o tempo é um defunto
quero ficar te olhando até tudo acabar
plantar meus pés no chão até a luz se apagar
e eu sei que tudo o que passou virou poeira de memória
e o fim é momento mais bonito da história
deixo voar
credits
from (dila)serei,
released August 24, 2018
letra: victor meira
música: claro enigma